Dança Gélida ao Redor de Icebergs 07/01/2011

Foto por George Guimarães
Muitos icebergs à volta do Steve Irwin enquanto navegávamos na manhã do dia 06 de janeiro de 2011, um mais belo que o outro. Mas a grande surpresa veio mais tarde naquela manhã, enquanto a grande surpresa do dia viria apenas mais tarde no dia. Por volta das 8 da manhã, um casal de baleia jubarte se colocava exatamente à nossa frente, e estavam tão tranqüilas com a sua posição que o Gunter teve que desviar subitamente, evitando atropelá-las. Desvio feito, velocidade reduzida, anúncio transmitido para a tripulação subir ao deck para admirá-las, agora rodando em círculos por alguns momentos. Elas pareciam mais curiosas do que nós enquanto vinham à superfície para respirar e tiravam a cabeça para fora para nos observar. Mostravam o rosto e mergulhavam mostrando a cauda. O encontro foi emocionante! Por cerca de cinco minutos rodamos em volta delas, nos observando mutuamente. Retomamos nossa rota deixando-as seguirem o seu caminho, na certeza de que o navio que nos seguia logo atrás não as machucaria pois estava (e ainda está) demasiadamente distante do navio-fábrica (uma baleia morta deve ser transferida para o navio-fábrica em cerca de uma hora ou a sua carne se torna imprópria para o processamento).

Foto por George Guimarães


Foto por George Guimarães


Foto por George Guimarães


Uma das fotos que tirei mostra uma delas colocando a nadadeira para fora da água com o navio arpoeiro ao fundo, a duas milhas náuticas de distância. Algumas pessoas diziam que ela estava acenando para nós, mas analisando melhor a foto, pude constatar que ela na verdade estava mostrando o dedo do meio para o navio arpoeiro. Analisem a imagem e concordarão comigo.

Foto por George Guimarães
Baleia acenando

Naturalmente que não viemos até essa região remota do planeta para observarmos icebergs e baleias, mas a presença deles ajuda a entreter a nossa busca enquanto varremos pacientemente um oceano inteiro a uma velocidade inferior a vinte quilômetros por hora.

Desfrutando das mesmas águas calmas que se fizeram presentes no período da manhã, recebemos durante a tarde mais uma vez a companhia do Gojira para atividades de manutenção. O turno da noite foi novamente cercado por enormes icebergs enquanto rumávamos ao ponto de encontro onde encontraríamos o Bob Barker e, consequentemente, o navio arpoeiro que o acompanha, totalizando dois navios da nossa frota e dois da frota deles. Essa seria a grande surpresa do dia. Eram 23h30 quando avistamos primeiramente o Bob Barker e rodamos em torno de um iceberg por alguns momentos. Na melhor oportunidade, desviamos a nossa rota para colocarmos a nossa proa em rota de colisão com o arpoeiro que o segue desde o dia 31 de dezembro, data em que localizamos a frota baleeira.

Foto por George Guimarães

Foto por George Guimarães

Foto por George Guimarães


Ele agora estava à nossa esquerda, a menos de uma milha e meia de distância e se aproximando a uma velocidade de 17 nós (uma velocidade bastante alta de navegação, praticamente a velocidade máxima do navio assassino). O alarme do radar soava indicando a iminência da colisão. Se nenhum dos dois desviasse, a colisão se daria de maneira precisa em menos de 5 minutos. O segundo navio, nosso companheiro dos últimos dias, se aproximava vindo de uma distância maior, mas em igual velocidade.

Foto por George Guimarães

Gunter pediu para chamar o Paul, que não havia estado na Ponte durante a noite. Eu telefonei na cabine dele informando que estávamos dançando com dois Yushins e perguntei se ele queira subir para se divertir um pouco. “Dois Yushins?”, ele indagou, desligando o telefone e subindo à Ponte em poucos segundos. O “arpoeiro do Bob” estava agora a menos de uma milha em rota de colisão com o nosso navio. 8 décimos de milha, 6 décimos... aos 4 décimos de milha de distância, o “Yushin do Bob” desviou levemente a sua rota para a esquerda de modo a cruzar a nossa proa sem colidir com ela.

Foto por Adam Lau

Enquanto mantínhamos ambos os navios baleeiros ocupados, o Bob Barker se posicionou detrás de um iceberg para despistar o radar do navio baleeiro (os radares não conseguem distinguir duas massas quando estão muitos próximas uma da outra). Funcionou por um tempo, enquanto continuávamos a perseguir o arpoeiro que cruzou a nossa proa e seguiu por um campo de growlers, levando-o para distante do local de refúgio do Bob Barker. Mas logo o “nosso Yushin”, que seguia mais atrás, resolveu vasculhar os icebergs e o nosso plano foi por gelo abaixo.

Hoje o helicóptero fez dois voos de busca pelo navio-fábrica. Avistamos novos grupos de baleias durante o dia e, ao entardecer (em torno das 22h), um pingüim curioso, o primeiro de muitos que veremos nos próximos dias, veio investigar o nosso navio. Intrigado, ele colocava a cabeça para fora e mergulhava rapidamente. Perguntei a ele se ele ou seus colegas haviam visto um navio grande na região, mas ele não respondeu.

Foto por George Guimarães

11 comentários:

  1. É isso aí, força sempre! Nós aqui estamos a todo momento com vocês em pensamento, torcendo para que a intervenção seja sempre bem sucedida.
    É uma honra para nós brasileiros ter exemplares da nossa terra fazendo a diferença tão longe.
    Muita força e muita sorte! E vida longa às beleias!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Já te disse isso, e digo novamente;
    O mundo precisa de mais pessoas como você!
    Força, guerreiro!
    Grande abraço.

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  4. O Mundo já percebeu que os japoneses estão agindo ilegalmente quanto aos tratados internacionais, além deles serem ridículos quanto a fingir que caçam por pesquisa. É isso aí queridos, muita força, energia e que as ondas levem os "Yushins" para conversar com Icebergs. Nós vegetarianos éticos, que realmente adoram os animais, estamos mentalizando sucesso a vocês e que os japoneses não tenham dinheiro para voltar ano que vem! George, já conhecemos seu ótimo trabalho aqui no Brasil, a VEDDAS é um sucesso e nos traz muitas conquistas, agora vemos você mais engajado ainda na causa, parabéns e tudo de ótimo para ti. Ativismo não é "eco-terrorismo" é vontade de um mundo melhor, respeitando a TODOS!

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  5. Alguem poderia me informar se estou enganada ou existe um 3o arpoador a quem ninguem se refere. Ele não estaria junto ao navio-fábrica, caçando sem que ninguem os visse?
    Cristina

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  6. A baleia estava, definitivamente, mandando um fuck off pros japorongas.

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  7. Concordo! Era mesmo o dedo do meio...

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  8. Oi George! fiquei surpresa e emocionada quando descobri esse blog e fiquei ciente da enormidade da tarefa que vcs se propuseram a fazer...muito bom , parabéns moço!
    Que tudo dê certo e que nossas amigas baleias também se proponham a tarefa enorme de proteger vocês de alguma maneira! rss
    Aqui no Rio a gente ta torcendo muito para que tudo dê certo e vcs voltem muito felizes!

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  9. George, vc é um "Guerreiro da LUZ"
    Quanta PAZ é necessária...
    Muita sorte a todos!
    claudinhaV

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  10. Fiquei aqui pensando sobre a calma do casal Jubarte,reforçou a tese ancestral sobre Elas 'sentirem'quevocês não vão machucá-las.Nossa espécie perdeu a percepção aguçada do 'sentir' mas pelo que parece somos a única,as demais ainda o utilizam.
    Lembrei de um filme antigo,acho que era"A Orca assassina"onde um caçador mata umafêmea que estava grávida e seu companheiro persegue o caçador até matá-lo.Mais uma vez obrigado por compartilhar os acontecimentos conosco!

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  11. que baleias lindas,perfeitas,guapas ,magnificas e elegantes!!!!!!!!!!!

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