Chegando 22/12/2010



A frota da Sea Shepherd saiu em direção à Antártida no início do mês e com isso a esperança que restava era ser chamado para segunda etapa da viagem, quando os navios retornam para reabastecer e geralmente há troca de alguns membros da tripulação. No entanto, houve um problema com o helicóptero e o navio teve que retornar para realizar o conserto do equipamento.

No dia 18 de dezembro, sábado, enquanto eu levava o VEDDAS-MÓVEL ao VEGETHUS de onde ele seria levado pelos voluntários para o trabalho na Avenida Paulista, recebi um telefonema de um tripulante do Steve Irwin! O convite trazia uma condição: eu deveria chegar ao Sul da Nova Zelândia na quarta-feira, o que na verdade ainda seria terça-feira no Brasil. Ou seja, eu teria 36 horas para encontrar uma passagem aérea, organizar as 3 empresas e comprar roupas de inverno e outras 36 horas para atravessar o Oceano Pacífico! O voo sairia na segunda-feira na hora do almoço e eu teria, portanto, apenas o domingo para organizar a minha ausência por cerca de 40 dias. Esse cenário não era nada favorável para aceitar o convite, mas a oportunidade era tão única e esperada quanto era delicada. Por isso, aceitei. Consultei os meus filhos sobre o cancelamento dos nossos planos de férias, com o que eles concordaram, demonstrando total apoio à minha participação na campanha e naquela mesma noite, aproveitando a reunião com os voluntários do VEDDAS no evento que acontecia no VEGETHUS, anunciei que partiria em poucas horas para participar da campanha.

24 horas depois, com a passagem aérea e as roupas de frio compradas, me esforçando para me convencer de que tudo estava relativamente organizado para a minha ausência, recebi outro telefonema que dizia que eu deveria estar no porto até as 10 da manhã, o que era impossível, pois o voo só chegaria às 5 da tarde, não havendo qualquer alternativa, já que a rota escolhida já era a mais eficiente possível. Não recebi qualquer garantia de que a partida do navio poderia ser atrasada e eu deveria escolher viajar sob o risco de chegar à Nova Zelândia para descobrir que o navio já havia partido. Como as partidas dos navios frequentemente sofrem adiamentos, decidi arriscar contando que chegaria a tempo.

Durante as próximas poucas horas que restavam até a partida do voo com paradas na Argentina e outras três cidades na Nova Zelândia, não havia qualquer certeza sobre o meu embarque no navio. A partir do momento que eu entrasse no avião, só saberia se o navio havia partido antes da minha chegada uma vez que já estivesse na Nova Zelândia! Foi um voo longo, muito longo. Durante a viagem, eu não me permitia alimentar a alegria de ter sido convocado para assim não aumentar a minha possível decepção ao saber que não havia chegado a tempo.

A alfândega na Nova Zelândia foi tão demorada que eu quase perdi o voo que garantia a minha chegada às 5 da tarde. Saí da alfândega às 11 horas, sem saber se o navio já tinha partido. Consegui rapidamente uma conexão à Internet, mas em dúvida se acessava os e-mails para saber notícias sobre a partida ou se corria para pegar a próxima conexão já que só parecia haver tempo para um ou para outro. Fiz ambos, correndo pelo aeroporto. A notícia era boa, ou quase boa: a partida havia sido adiada até às 4 da tarde. Há uma série de providências que são necessárias para a partida de um navio, entre elas a liberação da alfândega e outras providências com o porto, e por isso a partida não pode ser adiada de forma simples.

Segui até a próxima escala, onde recebi a notícia que a partida havia sido adiada para às 7 da tarde. Das 36 horas de viagem aérea até o destino final, foi apenas nesse último trecho da viagem, que durou 1 hora, que eu tive a certeza que chegaria a tempo.








Um comentário: